terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica



O objetivo principal ao participar do Fórum, foi buscar um maior entendimento sobre educação profissional e tecnológica, e seus benefícios a curto e longo prazo para a sociedade de modo geral, como se pode verificar pelas experiências de outros países e também no Brasil nos vários trabalhos expostos no Fórum.
O local de realização foi o Centro de Convenções Ullysses Guimarães, Brasília-DF, no período de 23 a 27 de novembro de 2009.
O FMEPT faz parte do movimento pela cidadania e pelo direito universal à educação que vem sendo organizado pelo Fórum Mundial de Educação (FME) desde 2001.

O principal objetivo do FMEPT foi levantar propostas para o aumento da oferta de educação profissional e tecnológica, as quais se integram com a plataforma mundial de Educação.

A abertura oficial aconteceu no Ginásio Nilson Nelson, 23 de novembro de 2009, com a presença do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e demais autoridades. No dia 24 de novembro de 2009, iniciaram-se as Conferências e demais trabalhos.

A programação do FMEPT foi dividida em três eixos temáticos. O primeiro tratou de Educação, trabalho e desenvolvimento sustentável; o segundo foi sobre Educação, culturas e integração e o terceiro discutiu Educação, ética, inclusão e diversidade.

Concomitante com as conferências, acontecia em outros auditórios do Centro de Convenções: atividades culturais, debates temáticos, atividades autogestionadas e atividades permanentes como Mostra estudantil de inovação tecnológica, mostra de artes visuais, pôsteres (cerca de 750 trabalhos desde o nível médio até pós-graduação, que mostraram conhecimento científico e a descoberta do universo da pesquisa por centenas de jovens estudantes), feira gastronômica, feira da economia solidária, feira do livro e biblioteca.

Os momentos mais marcantes foram as falas do economista Marcio Pochmann, na conferência Educação, trabalho e desenvolvimento sustentável, dia 24/11. Pochmann apresentou o cenário brasileiro para os próximos 30 anos que, segundo ele, haverá aumento da expectativa de vida, queda na taxa de fecundidade e competição acirrada no mundo do trabalho. Frisou que “a educação deverá ser contínua e as pessoas precisam saber como irão se educar”.

A segunda conferência deu-se no dia 25, quarta-feira, Educação, culturas e integração; o conferencista Leonardo Boff (filósofo e teólogo do Brasil e representante no Conselho da Terra)inicia sua fala dizendo que um “outro mundo não é possível, é necessário”, e acentua 7 pontos para reflexão.
01) A nova natureza do desenvolvimento tecnológico, onde a máquina ocupa o lugar do homem;
02) Surgimento da consciência planetária, movimento que cresce no sentido de sermos responsáveis pela Terra-Humanidade;
03) Legado dos astronautas, que vêem a Terra como uma unidade só, uma morada humana, um super organismo vivo produtor de vida;
04) Descoberta do mundo finito. A Terra é pequena com recursos limitados e não-renováveis, Faz-se necessário repensar estratégias de desenvolvimento dos países ricos;
05) A insustentabilidade da Terra. Reconhece-se que passamos 30% da capacidade da Terra de sustentabilidade. O planeta está doente e estamos no vermelho. E diz: “Nossos filhos e nossos netos nos acusarão de não termos cuidado da Terra... Amaldiçoarão-nos”.
06) Colapso do sistema econômico financeiro vigente;
07) Aquecimento Global.
Finaliza dizendo que é preciso criar novos sistemas de produção, baseados em inteligência e espiritualidade e não apenas na lógica econômica do mercado.

A quinta-feira, 26, foi tomada de muita emoção com a Caravana da Anistia, Sessão Pública do julgamento do processo de anistia política de Paulo Freire.
A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça que analisou o requerimento feito pela viúva Ana Maria Freire, em 2007, sob a ótica de perseguição política sofrida pelo educador na época da ditadura, também pediu desculpas pelos atos criminosos cometidos pelo Estado. A anistia de Paulo Freire foi recebida às lágrimas pela viúva e pelo público de 3 mil pessoas no auditório principal. Também houve relatos de anistiados políticos, contando sobre os momentos de torturas sofridos nos porões da ditadura, pessoas que não se arrependem do que fizeram, mesmo diante de tantas perdas, foi uma demonstração de amor à Pátria, cidadania, democracia e, sem dúvida, os jovens e os ditos adultos que lá estavam presentes, naquele momento, naquele auditório, não saíram de lá os mesmos que entraram.




Após a sessão de anistia, Moacir Gadotti, conduziu a terceira e última conferência Educação, ética, inclusão e diversidade, ressaltando que “nosso país será plenamente anistiado quando não houver mais analfabetos”.


No dia 27, sexta-feira,o FMEPT encerra com a leitura do documento final com as contribuições resumidas de 15 mil pessoas, sobre as discussões acerca da educação e da formação profissional nas mais diversas áreas. Em suma, o texto defende a união entre trabalhadores, em oposição à concorrência deles. A carta também estabelece uma agenda, com compromissos públicos, como o de aumentar os instrumentos fundamentais para uma melhor educação.

Estiveram presentes estudantes, professores/as, pesquisadores/as, trabalhadores/as, Governos, sindicatos, associações e pessoas da sociedade civil de todo o mundo, cerca de 15 mil pessoas ao todo.




Foi uma experiência única como profissional e cidadã. Como profissional reforçou minha esperança na Educação e no ser humano digno de ter uma educação emancipatória; e cidadã por acreditar que o Brasil através de propostas e políticas públicas comprometidas com a Educação (e outros segmentos da sociedade), pode ser o “berço esplêndido” de muitos brasileiros que estão à margem da inclusão social.